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Grêmio: da penúria à solidez em três anos
Mudança radical nos métodos de administração do clube transformam um time em crise, que caiu para a Série B, em candidato ao título nacional

O Grêmio chega ao fim de 2008 disputando o título brasileiro, com o vice-campeonato e a classificação para a Taça Libertadores já assegurados e, sobretudo, com 22 jogadores sob contrato para a próxima temporada. A situação que traz tranqüilidade à torcida em nada lembra a penúria de 2004, quando o clube foi rebaixado à Série B e iniciou os preparativos para a temporada seguinte com apenas nove jogadores no grupo principal, a maioria juniores.

Para explicar a diferença entre o fundo do poço e as boas perspectivas para 2009, diretores antigos e atuais e conselheiros sempre usam palavras como "inconformidade" e "convicção". Mas também admitem que foi necessário mudar a filosofia do futebol e reestruturar a administração do clube.

Quando o presidente Paulo Odone assumiu o comando, chamou Mário Sérgio para a diretoria de futebol. O ex-jogador tratou de conseguir atletas sem custo para que o técnico Hugo De León pudesse montar um time para o Campeonato Gaúcho. Sem esconder a situação, Mário Sérgio classificou como "cortesia" do São Caetano o empréstimo do lateral-esquerdo Márcio Alexandre.

Para resolver a situação financeira de penúria, o clube montou um condomínio de credores, ao qual mostra sua situação e repassa parte de suas receitas. Os jogadores que ficaram com créditos dos contratos milionários firmados à época da parceria com a ISL, em 2000, recebem seus pagamentos em parcelas. Odone lembra que também prorrogou dívidas pendentes com clubes como Corinthians e Palmeiras e, de resto, recuperou o crédito para tomar jogadores emprestados.

Ao mesmo tempo, o clube convocou o auxílio do torcedor, que demonstrou disposição para ajudar. Os jogos disputados pelo Grêmio na Série B, em 2005, tiveram público médio superior a 30 mil pessoas. E o número de sócios saltou de 2,5 mil para os 50 mil atuais.

O Grêmio estabeleceu teto salarial, reestruturou as categorias de base, passou a lançar jogadores e a vendê-los para captar recursos, invertendo a política de contratações da época da ISL. O meia Anderson jogou como titular por apenas meia temporada, mas viverá como ídolo tricolor, tanto pelo gol da vitória sobre o Náutico que levou o clube gaúcho de volta à Série A quanto pelos milhões que sua venda rendeu aos cofres gremistas no fim de 2005. O Grêmio é grato também a Lucas e a Carlos Eduardo pelo empenho em campo e a receita que geraram.

Outro nome que se consagrou na nova fase gremista é o do técnico Mano Menezes, que levou o time aos títulos da Série B e do Campeonato Gaúcho de 2006 e 2007, além do terceiro lugar no Brasileiro de 2006 e do segundo na Libertadores de 2007. Conhecedor do mercado brasileiro, o treinador soube montar times competitivos mesmo tendo de renová-los a cada temporada porque o clube ainda não havia readquirido a capacidade para fazer contratos de longo prazo ou para disputar nomes de peso com concorrentes. "Foi por isso que perdemos o Hugo (para o São Paulo) e o Diego Souza (Palmeiras)", destaca Odone.

Aos poucos, no entanto, e já sob o comando de Celso Roth, neste ano, o Grêmio conseguiu montar um time de prazo maior. Jovens como Léo, Victor e Willian Magrão vão ficar no Olímpico por mais três anos ou gerar caixa se forem transferidos.

Com a dívida total, calculada em cerca de R$ 120 milhões, consolidada e repactuada, o Grêmio volta a sonhar alto. Afinal, de antemão já tem a base do time, crédito e campeonatos atraentes para disputar em 2009.

Seus apaixonados torcedores acreditam que, se o clube somar dois laterais, um meia e um artilheiro à base já montada, poderá fazer do próximo o melhor ano da nova fase pós-Série B.

A Reviravolta

28/11/2004 - O Grêmio empata com o Atlético-PR por 3 a 3 e é rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro.
26/11/2005 - Em jogo histórico, mesmo com quatro jogadores expulsos, o Grêmio vence o Náutico por 1 a 0 (gol de Anderson) e vence confronto que passou a ser chamado pelos gremistas como a "Batalha dos Aflitos".
2006 - No retorno à Série A, equipe faz ótima campanha e termina a disputa em terceiro lugar, atrás apenas de São Paulo e Internacional.
2007 - Dirigido por Mano Menezes, Grêmio elimina São Paulo, Santos, entre outros, e vai à final da Libertadores, na qual é derrotado pelo Boca Juniors.
2008 - Time gaúcho briga pelo título nacional com o São Paulo até a últma rodada.

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Fonte: Estadão
Data de publicação: 05/12/2008


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