Todo jogador tem um grande momento na carreira. E é nisso que Mano Menezes se mira para motivar o elenco. Tudo de bom que foi feito numa competição ou partida vira tema da palestra. "Não adianta fazer uma palestra motivacional emocionante, com coisas de tirar lágrimas, duas horas antes, pois, na hora de a bola rolar, todos já esqueceram", afirma o técnico. "E também não posso usar coisas fictícias, pois eles não acreditam. Mostro para eles o que já fizeram e podem fazer."
Muitos treinadores apostam em histórias de filmes, declarações dos familiares ou mesmo temas de livros. Mano não reprova, mas investe em coisas atuais. Douglas não vinha jogando bem, andava cabisbaixo e a torcida já pegava em seu pé. O que o técnico fez? "Peguei o vídeo da semifinal de 2007 entre São Caetano e São Paulo. Ele arrebentou, fiz questão de mostrar que aquele era o Douglas que conheci. E ele jogou bem."
Assim funciona com Dentinho, Jorge Henrique, Ronaldo... "A declaração do Leco (vice-presidente de Futebol do São Paulo) serviu para mexer com o Ronaldo e com o grupo. Porém, não seria suficiente para vencermos. Mostrar coisas que os jogadores confiam vale mais."
Dessa maneira, o técnico deixa todos dispostos a mostrar serviço. "Só escrever coisas num painel é muito pouco. Falar que alguém disse algo sem ter mais detalhes também não serve", exemplificou.
Nada de tratar o Corinthians como coitadinho. "Vejo muita gente falando que os zagueiros estão dando moleza para o Ronaldo. Se acham que estão pegando leve, podem pegar mais firme. A gente aguenta."
Mano é o maior defensor de Ronaldo no Parque São Jorge. "No lance com o André Dias (entrada dura no zagueiro são-paulino na primeira semifinal), ele perdeu o tempo de bola e atingiu o pé do marcador. Contra o Guarani, o zagueiro também quase quebrou o Ronaldo. Em nenhuma jogada havia a intenção de machucar, são coisas que acontecem no futebol."
O treinador também aproveitou para defender a malandragem no futebol. O exemplo foi Domingos. "Quando falamos em equilíbrio emocional estamos nos referindo a essas coisas. Um jogador provocar o outro é mais velho do que andar para a frente, acontece durante os 90 minutos", lembrou. "Se um atleta é melhor, sempre vão tentar que ele não seja. É só responder na bola", receitou. "Futebol não é feito só de bonzinhos, mas o que as pessoas têm de entender é que a normalidade e o lance limpo sempre prevalecem."
Mudança de planos na preparação: sai Extrema e volta o Parque Ecológico. Ruim por ruim, a grama de casa é mais barata. A irregularidade no campo da cidade mineira foi o motivo apontado por Mano para desistir do refúgio. "Não iria lá pra brincar, descansar. Era só trabalhar, e as condições do gramado aqui são melhores."
O Corinthians solicitou uma melhoria no campo do Hotel Fazenda das Amoreiras. Não foi atendido. Então, fica em casa. A calma e a concentração pretendidas, porém, não devem ocorrer. O assédio dos torcedores está grande. E, no Parque Ecológico, há pelo menos 100 corintianos por treino. "Temos de saber conviver com isso", pediu o técnico.
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Fonte: Estadão
Data de publicação: 22/04/2009