Hoje, sem dúvida nenhuma, é mais um dos muitos dias especiais que o futebol e a vida nos proporcionam.
Mesmo vivendo neste turbilhão de acontecimentos, nesta loucura geral, por um instante muita gente, mais muita gente mesmo, entre elas eu, parou para acompanhar o anuncio oficial do encerramento da carreira de Ronaldo “Fenômeno”, que um dia já foi Ronaldinho e que agora voltará a ser Ronaldo Nazário de Lima.
Sua trajetória se explica com gigantescos feitos. Ser o maior goleador de todas as Copas. Ser escolhido o melhor do mundo em três oportunidades. Ser vencedor nos principais clubes do mundo, transformando-se em um ídolo mundial, capaz de parar o Haiti com a Seleção Brasileira em um jogo amistoso.
Convivi com Ronaldo por aproximadamente dezoito intensos meses, quando técnico do Corinthians. Sua força individual contagiou a todos nós. Os resultados foram mais significativos no primeiro ano, mas sua vontade de ganhar qualquer disputa, inclusive as mais singelas “apostas”, explica sua capacidade de sempre ressurgir, de superar o que superou em termos de lesões e de nunca se acomodar nas justificativas.
Tenho firme na memória a imagem de vê-lo colocando bandagem, sentado em uma mesa de madeira, no então contêiner-vestiário do hoje CT corinthiano, dias antes de ganharmos o Paulistão de maneira invicta e a Copa do Brasil, em 2009. A simplicidade era de um iniciante.
De agora para frente vai virar lenda, vai se juntar a tantos outros grandes que nos encheram de alegrias com suas obras primas. Felizmente para nós do futebol brasileiro é assim, uns vão e outros vêm. Que os que vierem, tragam consigo o aprendizado dos que, como Ronaldo, souberam seguir, sempre em frente, de cabeça erguida. Seus defeitos? Bom, seus defeitos estão presentes nos humanos - aliás, era apenas nisso que dava para ver que ele era humano.
O que cabe a nós a partir de agora, é retribuir tudo que Ronaldo nos fez, minimizando esta sensação de vazio que ele deve estar sentindo, com o carinho que o torcedor brasileiro sempre teve para com ele. Então mais uma vez ele ressurgirá em alguma outra atividade - espero relacionada com o futebol - fazendo o sucesso que sempre foi a sua marca, a marca dos vencedores.
Sumirão e surgirão amigos, fecharão e abrirão portas, perderás e ganharás título de presidência. Enfim, a vida vai continuar e ninguém mais do que você sabe disso, porque o ônibus continua saindo de São Cristóvão... mas para você embarcar, ele para em qualquer lugar.
Até breve.
Mano Menezes