Não temos mais dúvidas entre os futebolistas, sejam eles jogadores, dirigentes, críticos ou torcedores: este grupo atual do Barcelona veio para fazer história.
A vitória de hoje, na final do Mundial de Clubes da Fifa diante do Santos, no Japão, foi apenas mais uma das tantas conquistadas até aqui e das que ainda virão.
Há 35 anos eles decidiram que queriam ser assim, trabalharam incansavelmente nesta direção e o resultado está à mostra para o mundo todo ver. Sua capacidade não se discute mais. Eles estão disparadamente melhores.
Como técnico de futebol da Seleção Brasileira, saio deste jogo com dois sentimentos: um de tristeza e outro de esperança.
Tristeza pela superioridade incontestável de uma equipe espanhola contra uma equipe brasileira.
Esperançoso porque, excluindo os extremistas, provavelmente a derrota vai nos remeter a uma discussão mais profunda e proveitosa, dos verdadeiros problemas do futebol brasileiro.
Tenho ouvido que sempre vencemos do nosso jeito e os outros estão fazendo da maneira que fazíamos antes.
Temos que encarar que essa gente está fazendo algo diferente e temos que aceitar, entender e resolver isso. Os projetos precisam ser sérios e ter continuidade.
Aqui, nossos críticos ainda estão rotulando uma equipe de ofensiva ou defensiva pelo número de atacantes ou volantes que o seu técnico escala na formação inicial, e isso passa para o torcedor.
Este Barcelona já jogou em todas as disposições táticas. Iniciou uma partida, recentemente, com linha de três defensiva, sem nenhum zagueiro e hoje deu uma aula de ofensividade, sem nenhum atacante de ofício.
Continuamos produzindo jogadores com alta capacidade técnica, mas precisamos formá-los, dirigí-los e criticá-los melhor.
Nosso potencial ainda nos permite esta recuperação a curto prazo.
Então temos que fazer a nossa parte porque nossos adversários estão fazendo a sua.
O Santos, apesar da derrota, é o atual campeão da Libertadores da América, vice-mundial, dirigido por um dos técnicos mais vencedores do futebol brasileiro, com um grande elenco, que merece todo nosso respeito.
Mano Menezes
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