Mano Menezes deixou o Corinthians há oito meses com uma convicção sobre o time que havia terminado bem o Campeonato Brasileiro.
Uma nova base tinha sido montada, com ruptura a nomes importantes. Essa base, segundo acreditavam Mano e seus superiores, permitiria a ascensão no ano seguinte. A realidade confirmou a convicção.
De volta, Tite soube aproveitar a base, impôs ideias e, mesmo com problemas financeiros, mantém o Corinthians entre os primeiros. O legado do antecessor, além de seis titulares atuais, é de duas vendas no total de R$ 13 milhões: Petros, ao Betis-ESP, e Lodeiro, ao Boca Juniors-ARG. Já dos contratados de 2015, o único titular é Vagner Love, mas não convence.
Esse roteiro é semelhante ao da conquista do Mundial de Clubes em 2012. Naquele ano, seis titulares que Tite herdou de Mano Menezes bateram o Chelsea-ING no Japão - Alessandro, Chicão, Paulo André, Ralf, Paulinho e Jorge Henrique. Dessa vez, a participação de Mano foi além:
POR ELIAS, MANO TRAVOU QUEDA DE BRAÇO INTERNA
Principal contratação de 2014, Elias era um pedido expresso de Mano Menezes ao presidente Mário Gobbi. Mas, internamente, não era um nome unânime.
O gerente de futebol Edu Gaspar, por exemplo, defendia que Guilherme Torres (hoje na Udinese-ITA) era o nome ideal para a função. O ex-presidente Andrés Sanchez também se posicionou de forma contrária. Mano, porém, insistiu pela aquisição de seu homem de confiança sob o argumento de que seria um jogador decisivo, capaz de mudar o nível do time.
Em 2015: 26 jogos e 6 gols
TREINADOR QUIS MALCOM EM VEZ DE WELLINGTON NEM
Malcom já treinava nos profissionais havia alguns meses quando Romarinho foi vendido para o Catar e se evidenciou a necessidade de um atacante. Andrés Sanchez fez força para que Oscar Romero fosse contratado. Outras correntes pediam Wellington Nem, oferecido pelo Shakhtar. O então treinador tomou posição enfática: "se contratarmos o Wellington, o Malcom não vai jogar nunca". Logo depois, o jovem de 17 anos foi promovido aos titulares e só saiu quando Emerson Sheik voltou do Botafogo, já neste ano.
Em 2015: 23 jogos e 4 gols
JADSON CHEGOU EM EMERGÊNCIA PARA MUDAR TIME E AMBIENTE
Mano Menezes já pensava em Jadson desde o início do ano passado, mas decidiu definitivamente ir atrás dele na mesma noite em que o Santos goleou o Corinthians por 5 a 1. O treinador dormiu no CT Joaquim Grava e, na manhã seguinte, acionou o observador Mauro da Silva para fazer contatos e despachar Alexandre Pato ao São Paulo. A relação entre ambos começou excelente, com Jadson em um início impressionante, mas terminou fria na medida em que o meia caiu de rendimento e virou a última opção. A transformação do camisa 10 neste ano é atribuída por ele próprio a Tite.
Em 2015: 37 jogos e 9 gols
BRUNO HENRIQUE FOI OBSERVADO POR AUXILIARES
O nome de Bruno era estudado havia bastante tempo pelo Corinthians. Não só por Fabio Carille, auxiliar fixo, mas também por Mano e seu braço direito, Sidnei Lobo. A história é contada por Sérgio Malucelli, proprietário do Londrina-PR, clube em que Bruno Henrique se projetou. "O Sidnei já tinha o Bruno na lista de reforços e eu falei para eles que o jogador era muito bom", explica Malucelli.
Em 2015: 29 jogos e 1 gol
FAGNER E UENDEL CRESCERAM POUCO A POUCO
O Corinthians buscava um lateral direito para substituir Alessandro. Por meio de Carlos Leite, empresário em comum, Fagner foi oferecido e agradou o treinador, sobretudo porque viria sem custos. A impressão de Mano era de que ele e Uendel poderiam evoluir no clube, especialmente no posicionamento defensivo. As afirmações de ambos como jogadores confiáveis e relevantes para equipe é mérito do antecessor e também de Tite.
Fagner em 2015: 33 jogos e 2 gols
Uendel em 2015: 24 jogos e 1 gol
Qual o desfecho dos 12 contratados na temporada de Mano Menezes?
Quem não deu certo:
Ferrugem, Lodeiro e Romero
Quem deu certo:
Fagner, Anderson Martins, Uendel, Bruno Henrique, Elias, Jadson, Petros e Luciano.
